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A QUEM INTERESSA UMA POLÍCIA FEDERAL SUCATEADA?

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DENÚNCIA:
A QUEM INTERESSA UMA POLÍCIA FEDERAL SUCATEADA?
Algacir Mikalovski

Inegavelmente, certas coisas na vida demandam muito esforço para que possam ser compreendidas, sobretudo quando se trata de Brasil.
Se a coisa envolve a prestação do serviço público aí que a “porca torce o rabo”.
Uma delas: imagina você tentando explicar para um estrangeiro, em qualquer lugar do mundo, que uma instituição que vem apresentando os mais conceituados índices na prestação do serviço público tem sofrido anual e ininterruptamente cortes orçamentários, perdas salariais, desgastes institucionais, redução no efetivo, dentre outras agressões. Isso mesmo: você estará explicado a situação da POLÍCIA FEDERAL DO BRASIIL!
É bem verdade que a PF simboliza um lampejo de luz no fim do túnel no combate à corrupção em um País marcado pela impunidade e símbolo mundial de corrupção, um verdadeiro câncer pátrio, eleito, inclusive, pela população brasileira como a pior praga que assola o Brasil.
Leitor/leitora, diariamente, na condição de Presidente do SinDPF-PR , venho denunciando as precárias condições impostas para os Policiais Federais do Brasil exercerem sua digna missão de combater os crimes de sua atribuição, sobretudo aqueles que resultam da corrupção, como ocorre na Operação LAVA JATO.
A população aplaude, já, o Governo, nos humilha e sucateia.
A guisa de exemplo, um policial federal que se desloca para cumprir uma missão em outra localidade, afora da área de sua residência, recebe, na maioria das vezes com bastante atraso, menos de R$200,00 reais (em média) de diária para se alimentar, locomover-se, alojar-se, dentre outras necessidades básicas. Para efeito de comparação, os integrantes do Ministério Público Federal recebem aproximadamente R$1.000,00. Como entender tamanha diferença, mesmo porque os membros de ambas as instituições têm direito as mesmas condições de dignidade no exercício de sua função.
E tem muito mais. Ano após ano o Governo Federal vem contingenciando (retendo), em média, 40% do orçamento previsto para a Polícia Federal, liberando verdadeiras migalhas no final de cada ano. Com isso, perdem-se funcionários, impressoras, barcos e viaturas ficam parados por falta de manutenção, combustível para as viaturas é racionado, operações são prejudicadas, dentre outros problemas que acabam prejudicando o trabalho da Instituição.
São muitos anos sem haver recomposição salarial dos funcionários da Polícia Federal, obrigando aos policiais a buscarem outros concursos públicos, pois, ao contrário da PF, algumas instituições integrantes do mesmo Poder Público Federal estão recebendo um tratamento diferenciado e benevolente do Governo Federal, com grandes avanços em termos de gratificações e condições de trabalho. Este mesmo Governo Federal, em um gesto de autoritarismo, nem ao menos negocia com seriedade e assertividade com nossas representações de classe.
Há muito para denunciar e este espaço determina a síntese.
Resumindo, fica o alerta de que é preciso informar ao povo brasileiro que a Polícia Federal está sofrendo vários golpes que estão causando o progressivo enfraquecimento de suas estruturas, causando um dano irreparável na prestação de seu imprescindível serviço prestado ao Povo Brasileiro, mormente no combate aos crimes de corrupção, tráfico internacional de drogas, crimes de colarinho branco, contrabando e sonegação de impostos, dentre outros.
O resultado desse sucateamento só o tempo vai dizer.
Ainda há tempo para rever ter tudo isso, mas, por enquanto, fica a dúvida: a quem interessa uma Polícia Federal sucateada?

Algacir Mikalovski é Delegado da Polícia Federal. Presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná. Mestre em Direito pelo Unicuritiba. Especialista em Ciências Criminais e Segurança Pública. Consultor em Segurança Pública. Autor de livros e artigos. Professor de pós-graduação. Coordenador-geral do NPSPP–Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada. Mestre em Direito pelo Unicuritiba.
Presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná.

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